Há quanto tempo eu não me sentia assim,
tão sereno, tão sereninho,
tão longe, tão fora , tão dentro de mim
como há muito eu não me sentia
por essa imensidão sem fim.
(Vander Poeta)
Zaiba e o desejo de Ser
O que aqui se produz não quer nada e por isso mesmo quer tudo. Não se quer agradar enquanto se entender tal palavra como um ter prazer na satisfação de expectativas pré-concebidas. Assim, não há intenção alguma da banda Zaiba em reproduzir estados mentais já petrificados pela secularização moral, religiosa ou científica. Cada vez que há Zaiba há o novo, há admiração, há criação e espanto do não mesmo que sempre retorna de modo singular. Sem querer nada. Sem intenção de imitar a outros nem a si mesmo. Por isso não se pode definir isso que se dá antes que se dê, e mesmo depois de tal ainda sim não se pode discriminar com precisão o que é isso, o Zaiba, pois o novo se mostra sempre com surpresa e aí só nos cabe admiração do que se dá, sem nome, sem delineamentos, sem desejo que deseje além do próprio existir. Desejo de ser, nada mais.
A princípio, por se tratar de uma banda de música, tais palavras podem confundir longamente aqueles que esperam da mesma uma feitora de simples momentos de distração, horas para relaxar. Isso Zaiba, se não oferece, é porque não tem intenções de ser um entretenimento, mas sim instantes de interiorização e, para alguns, isso é algo extremamente perturbador. A distância de si mesmo faz com que digamos que se está fora de si, mas o estar fora (não de si, mas do que me esconde de mim, do fora) pode ser um estar dentro. Há quem diga: “estava longe com meus pensamentos, por isso não te ouvi”. Diz-se isso como se estivesse se afastado de si, fora, mas, na verdade, se estava dentro, dentro de si, se ouvindo mais, se sabendo mais, mas quando assim estamos, por vezes julgamos erroneamente estarmos fora quando, na verdade, estamos dentro. A música do Zaiba quer trazer pra dentro isso que sempre deixamos do lado de fora, por isso ela quer tudo, mas para isso é preciso que o que deixamos dentro, guardado, onde pomos nossa confiança, nossas certezas, aquelas coisas que garantem a nossa identidade e impedem que nos percamos, é preciso que justamente isso seja posto pra fora e se permita então abrir-se ao não-eu para perceber daí que se eu sou é porque eu sou desde outro, não desde mim mesmo, e é no e pelo reconhecimento do outro que eu me faço isso que sou. O que sou o sou desde outro. É a diferença que me identifica, mas não pode ela isolar-me, numa auto-ilusão de que me basto a mim mesmo e ao outro nada devo. Tais reflexões poderiam ser tomadas ainda em âmbito ético, moral, religioso, político, mas nos atemos aqui à estética da música transcendental.
Um possível pré-conceito diante disso que música é, ou deve ser, o que deve transmitir e que papel deve exercer poderia tornar inviável a experiência estética produzida pelo Zaiba. Portanto, abandonemos por algumas horas o nosso egoísmo, que tanto nos limita a conhecer o outro, sendo este uma música, uma oração ou uma pessoa. Que as túnicas que nos cobrem vos sejam sinal de unidade, abnegação e simplicidade e não recordações inadequadas concebidas pelo cinema moderno onde o paramento é apenas um figurino descartável. O que nos cobre nos revela e o que daí se mostra em véu se transformará à quem consigo e com o todo ainda não se encontrou. Que a luz do fogo dada nas chamas das velas percorram cômodos que à muito não se deparavam com algo diferente da escuridão. Zaiba não é o verso nem o inverso, simplesmente é, por desejo de ser; não é isso nem aquilo; Zaiba é Espírito.
“Ficai atentos porque não sabeis o dia nem a hora”.
tão sereno, tão sereninho,
tão longe, tão fora , tão dentro de mim
como há muito eu não me sentia
por essa imensidão sem fim.
(Vander Poeta)
Zaiba e o desejo de Ser
O que aqui se produz não quer nada e por isso mesmo quer tudo. Não se quer agradar enquanto se entender tal palavra como um ter prazer na satisfação de expectativas pré-concebidas. Assim, não há intenção alguma da banda Zaiba em reproduzir estados mentais já petrificados pela secularização moral, religiosa ou científica. Cada vez que há Zaiba há o novo, há admiração, há criação e espanto do não mesmo que sempre retorna de modo singular. Sem querer nada. Sem intenção de imitar a outros nem a si mesmo. Por isso não se pode definir isso que se dá antes que se dê, e mesmo depois de tal ainda sim não se pode discriminar com precisão o que é isso, o Zaiba, pois o novo se mostra sempre com surpresa e aí só nos cabe admiração do que se dá, sem nome, sem delineamentos, sem desejo que deseje além do próprio existir. Desejo de ser, nada mais.
A princípio, por se tratar de uma banda de música, tais palavras podem confundir longamente aqueles que esperam da mesma uma feitora de simples momentos de distração, horas para relaxar. Isso Zaiba, se não oferece, é porque não tem intenções de ser um entretenimento, mas sim instantes de interiorização e, para alguns, isso é algo extremamente perturbador. A distância de si mesmo faz com que digamos que se está fora de si, mas o estar fora (não de si, mas do que me esconde de mim, do fora) pode ser um estar dentro. Há quem diga: “estava longe com meus pensamentos, por isso não te ouvi”. Diz-se isso como se estivesse se afastado de si, fora, mas, na verdade, se estava dentro, dentro de si, se ouvindo mais, se sabendo mais, mas quando assim estamos, por vezes julgamos erroneamente estarmos fora quando, na verdade, estamos dentro. A música do Zaiba quer trazer pra dentro isso que sempre deixamos do lado de fora, por isso ela quer tudo, mas para isso é preciso que o que deixamos dentro, guardado, onde pomos nossa confiança, nossas certezas, aquelas coisas que garantem a nossa identidade e impedem que nos percamos, é preciso que justamente isso seja posto pra fora e se permita então abrir-se ao não-eu para perceber daí que se eu sou é porque eu sou desde outro, não desde mim mesmo, e é no e pelo reconhecimento do outro que eu me faço isso que sou. O que sou o sou desde outro. É a diferença que me identifica, mas não pode ela isolar-me, numa auto-ilusão de que me basto a mim mesmo e ao outro nada devo. Tais reflexões poderiam ser tomadas ainda em âmbito ético, moral, religioso, político, mas nos atemos aqui à estética da música transcendental.
Um possível pré-conceito diante disso que música é, ou deve ser, o que deve transmitir e que papel deve exercer poderia tornar inviável a experiência estética produzida pelo Zaiba. Portanto, abandonemos por algumas horas o nosso egoísmo, que tanto nos limita a conhecer o outro, sendo este uma música, uma oração ou uma pessoa. Que as túnicas que nos cobrem vos sejam sinal de unidade, abnegação e simplicidade e não recordações inadequadas concebidas pelo cinema moderno onde o paramento é apenas um figurino descartável. O que nos cobre nos revela e o que daí se mostra em véu se transformará à quem consigo e com o todo ainda não se encontrou. Que a luz do fogo dada nas chamas das velas percorram cômodos que à muito não se deparavam com algo diferente da escuridão. Zaiba não é o verso nem o inverso, simplesmente é, por desejo de ser; não é isso nem aquilo; Zaiba é Espírito.
“Ficai atentos porque não sabeis o dia nem a hora”.