quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Um Vasco dos corações divididos


Os corações estão divididos. (por Hélio Ricardo - http://www.bolapraquemsabe.com.br/ )

O Vasco trouxe um treinador novo, reforçou-se com bons nomes nas posições certas (ainda que nos faltasse um goleador), compôs um bom elenco de reservas e passou o período pós-Copa do Mundo invicto por longo tempo. De repente, a casa começou a cair. Afoitos, os corações vascaínos que apostavam no título ou ao menos na classificação começaram a fomentar uma provável luta contra um novo descenso para este ano.
E eu pergunto a mim mesmo e aos leitores que porventura acompanham meus escritos: por que estamos assim? Por que tão divididos? Por que tão confusos? Por que tão bipolares?
Já ouvi de tudo. Ouvi quem está dentro e quem está fora. Ouvi que queriam derrubar o treinador, que tinha elemento indesejado no meio do elenco, que havia guerra de ego entre duas estrelas, que o treinador é pequeno para a grandeza do Vasco, que a culpa é do presidente que parece mais envolvido com a campanha para deputado. Ouvi de tudo - repito! A assertividade dos argumentos de quem acusa é muito paralela à dos que defendem. Não se chega a conclusão nenhuma.
E o mesmo Vasco que andava desagradando e irritando, perdendo gols e jogos, acabou vencendo (e bem) o Santos de Neymar em São Januário. O que, diga-se de passagem, era obrigação mesmo. Sobretudo por se tratar de um adversário que já levantou duas taças este ano e tem passaporte carimbad na Libertadores 2011.
Mas vá lá. Vencemos e vencemos bem. Pênalti do Felipe à la Rafael Coelho, mas pelo menos acertado no rebote. Lindos gols de Fágner e Éder Luis (que, junto com Dedé, são os destaques da temporada disparados).
Ok. Vencemos.
E agora?
Qual é a impressão que temos?
Ou nos revestimos de um otimismo exacerbado e do fulgor dessa vitória e apostamos em outra nova vitória (e o próximo jogo também será em casa) ou pensamos que foi apenas um jogo diferente e que “a luta contra rebaixamento continua”.
Qual é a impressão correta a se ter?
Estou nessa caravela há muito tempo e não sei qual é a minha impressão. E acho péssimo que eu tenha de pensar assim. Porque me senti iludido e até trapaceado na minha “fé vascaína” quando, na decisão da Taça Guanabara, o Vasco praticamente se entregou de bandeja ao Botafogo, com Nílton e Titi em lances bizarros de expulsão que culminaram na nossa derrota em fração de segundos, após um jogo inteiro sob nosso controle. Não é à toa que, em todas as últimas derrotas, esses jogadores têm sido fundamentais para prejudicarem o Vasco. Além deles, a falta de pontaria hedionda de Rafael Coelho e o apito sofrível do calamitoso soprador Heber Roberto Lopes foram as duas outras razões de nossa perda de pontos recentes. Aliás, penso que a diretoria do Vasco já deveria ter banido há muito tempo esse árbitro mesquinho de suas partidas. Ele, o Eugenio Simon e o Daciba militam sempre contra. Não foi diferente contra o Guarani. Sempre ele, sempre ele! Não existe poder de veto? Não existe contestação? Não existe recurso para que ele não se aproxime mais da nossa camisa? Não, não existe. Porque não existe braço jurídico forte no clube para isso! O Jurídico do Vasco é frouxo e bobo. Lembremos da eliminação da Taça Guanabara ano passado em manobra dos tricoletes e das punições severas que nossos jogadores sempre sofrem em comparação aos outros. É clara a distinção e mais clara ainda a incompetência.
Mas até quando teremos corações divididos após vitórias ou derrotas vascaínas? Tá bom que o futebol é paixão, mas já está mais do que na hora da diretoria do Vasco dar uma cara certa ao clube, garantir uma confiança que a gente ainda não tem. Acreditem: não temos problema de elenco. Se muito, falta-nos esse centroavante bom de faro. Vi um vídeo do Patrick, que veio do Mixto, e o cara me encheu os olhos. Já não sei se o erro está em mim ou no Vasco, que anda tão ruim de arremate ao ponto de eu ter os olhos cheios vendo esse garoto jogar. Mas a verdade é que, mesmo faltando o goleador, o Vasco podia jogar sempre como ontem, ganhar como ontem, animar a torcida como ontem. Estava desfalcado de sua alma – que eu ainda acho que é o Carlos Alberto, apesar de alguns apagões e muitos desfalques que nossos médicos não resolvem. Mas ganhou. E mostrou que pode ganhar quando chutar no lugar certo. Só falta isso. O resto, o Vasco faz direitinho . Principalmente quando “os reis do pênalti” Nílton e Titi não jogam. Ontem – se vocês não perceberam – Titi literalmente pisou na bola no lance do gol do Santos. O que faz na equipe principal um jogador desses?
Confesso que, por ser um ser humano feito de carne e osso, me ferve o sangue quando vejo o Vasco despencando e meu Twitter implodido de mensagens do nosso presidente do tipo “Você já falou com o Dinamite hoje?”. Gosto muito do Dinamite. Não é pouco. Ele foi e é o maior ídolo que tenho no Vasco. É a história viva do clube. Mas fico desapontado com aqueles twitts me amofinando enquanto o time não anda em campo.
Tá bom. Agora andou. Vasco 3 x 1 Santos.
Mas e agora?
O que a gente pode esperar?
Não sei. Ninguém sabe.
E eu acho que é esse o maior problema do Vasco atual.

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