Eurico Miranda voltou à vida política do Vasco ontem, ao vencer a eleição para a presidência do Conselho de Beneméritos. A felicidade extrema dos torcedores adversários e dos vascaínos que não gostam de títulos e que adoram colocar a culpa pela incompetência em complôs é compreensível. O que não dá pra entender é a reação dos vascaínos que detestaram o resultado do pleito e acham que as trombetas do apocalipse voltaram a soar em São Januário.
Menos, gente, menos!
Uma rápida conferida no estatuto deve servir como calmante para os desesperados. Como presidente do conselho, o ex-presidente não pode fazer muita coisa. Ele pode dar uma opinião aqui, pedir uns esclarecimentos acolá, e só. Dizer que a volta do Eurico ao clube é motivo para deixar de ser sócio, que vai roubar o Vasco, que ele vai afugentar investimentos, que ele vai ser o responsável por todos os fracassos que tivermos esse ano é viagem. O presidente do conselho FISCALIZA, não EXECUTA.
Qualquer coisa de ruim que acontecer ao Vasco esse ano, terá apenas uma responsável: a diretoria.
Se a diretoria cumprir o estatuto, gerir as verbas que entrarem com competência e honestidade, conseguir boas negociações, ou em outras palavras, fizer o seu trabalho como deve ser feito, o Eurico pode esbravejar o quanto quiser que não poderá prejudicar a atual administração em nada. O presidente do Conselho dos Beneméritos que entrega o cargo ao Eurico também era da oposição. Uma administração séria não deveria temer que a oposição vigie seu trabalho. Pelo contrário, deveria fazer questão que isso acontecesse.
Muito pouca gente gostou de ver o ex-presidente novamente no dia-a-dia do Vasco. Mas esse não é motivo para "não torcer mais" ou para "deixar de ser sócio". Pelo contrário. Quem não quer ver o retrocesso no clube tem mais é que ficar mais próximo do Vasco, se associar e vigiar de perto o trabalho do presidente do conselho de beneméritos. Abandonar o clube agora é enfraquecê-lo. E isso é fácil de entender: quem escolhe o presidente do Vasco - que é quem realmente manda em alguma coisa - é o voto. E só vota quem é sócio.
Dos 174 Beneméritos e Grandes Beneméritos que formaram o colégio eleitoral que elegeu Eurico Miranda como presidente do conselho, 174 foram empossados em gestões anteriores. Com um conselho "aparelhado" pela oposição dessa forma, seria muito difícil uma derrota do ex-presidente.
A força política demonstrada pelo ex-presidente - e alardeada com festejos pelos seus fãs - é discutível. Na contagem dos Beneméritos, citam que 82 foram feitos na gestão Calçada e 61 na gestão anterior. O que não falam é que entre 1982 e 1986, época em que o presidente Calçada ainda não tinha chamado Eurico Miranda para ser vice de futebol, não aconteceu a outorga de NENHUM Benemérito, não se sabe quantos dos Beneméritos aprovados na gestão Calçada foram indicados pelo Eurico com vice. Menos ainda se sabe quantos desses não agradeceram a indicação com um voto ontem.
E vale lembrar: a tal "força" do agora presidente do Conselho de Beneméritos está apenas ali, entre os Beneméritos. A grande maioria da torcida vascaína em todo Brasil e no mundo continua achando a mesma coisa do ex-presidente.
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